Em entrevista, a ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, abordou os conflitos entre fazendeiros e indígenas em Mato Grosso do Sul, enfatizando a necessidade de diálogo entre governo, produtores rurais e lideranças indígenas para reduzir a violência e garantir a devolução de territórios tradicionais.
Guajajara destacou os esforços do Governo Federal para construir acordos de devolução de terras e indenização para proprietários com títulos legítimos, focando na desocupação imediata e regularização fundiária em casos de posse irregular. Ela mencionou a abertura de diálogo com o setor ruralista, incluindo a Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul), que demonstra interesse em negociações.
A ministra expressou preocupação com a violência e o sofrimento dos indígenas, especialmente os Guarani Kaiowá, cuja sobrevivência é dificultada pela falta de territórios. Dados do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) apontam Mato Grosso do Sul como o terceiro estado brasileiro com maior número de mortes de indígenas em 2024, com 33 assassinatos registrados.
Além dos esforços de pacificação, Guajajara mencionou ações estruturais em andamento, como a implantação de sistemas de abastecimento de água nas aldeias da fronteira sul-mato-grossense, com investimentos da Usina de Itaipu, Governo do Estado e recursos do Fundo do Mercosul.
O Ministério Público de Mato Grosso do Sul também iniciou uma investigação sobre problemas no fornecimento de água e entrega de cestas básicas em aldeias de Dourados, onde a falta de água levou a protestos e bloqueios de rodovias. A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, detalhou investimentos diretos em saneamento e abastecimento de água potável para comunidades indígenas no estado, com recursos do Fundo para a Convergência Estrutural Mercosul. Os investimentos beneficiarão comunidades nas regiões de Ponta Porã, Corumbá, Dourados e Campo Grande.